AICEP

Mundo das ComunicaçõesO Big Data pode salvar o planeta? A ONU diz que sim

O Big Data pode salvar o planeta? A ONU diz que sim

As Nações Unidas (ONU) acreditam que ter mais dados sobre as mudanças que o planeta atravessa é uma das chaves para perceber e combater a crise climática. Há dois anos que o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) está a trabalhar numa plataforma que recolhe milhares de dados de todo o mundo (desde imagens de satélite a conclusões de trabalhos científicos) para ajudar cientistas e governos de todo o mundo a lidar com os problemas causados pelas alterações climáticas.

Chamamo-la ‘sala de crise’. Tal como há salas de crise para gerir crises militares onde se reúne informação para atacar o alvo, a nossa sala de crise procura soluções para a emergência climática através dos dados”, explica ao PÚBLICO Alexandre Caldas, Diretor da Divisão de Big Data da ONU. Este é o departamento responsável pela recolha e processamento de gigantescas quantidades de dados que são recolhidos sobre o planeta.

A primeira versão da sala de crise, que já está disponível para consulta online, junta informação de agências governamentais, investigadores e cidadãos. “Um dos mapas que temos disponíveis permite aceder a registos detalhados sobre a poluição atmosférica em todo o mundo. Ao ter estes dados, podemos perceber qual o impacto da qualidade do ar na saúde das populações”, detalha Caldas.

A UNEP já está a usar dados recolhidos para analisar o impacto de reduzir as emissões de metano, um gás com efeito de estufa que é parcialmente responsável pelo aquecimento global. Por exemplo, análises da UNEP e da Coligação para o Clima e Ar Puro (CCAC) mostram que reduzir 45% das emissões de metano do homem até 2040 ajudaria a evitar 775 visitas hospitalares relacionadas com a asma e 255 mil mortes prematuras. Além disso, reduzir as emissões de metano ajuda a travar o aquecimento global até 0,3 graus Celsius.

Ter dados ajuda-nos a perceber o impacto das nossas ações no futuro”, reforça Alexandre Caldas. “Se pensarmos em incêndios, ter imagens de satélite da área ardida permite-nos perceber qual é a vegetação que se vai perder. Isto ajuda-nos a compreender o impacto nas populações e no ambiente.”

Os computadores dos grandes armazéns de dados precisam de enormes quantidades de energia para funcionarem e para manterem temperaturas adequadas.

É um problema real, mas é possível reduzir a pegada”, admite Alexandre Caldas. “Em vez de os dados estarem concentrados num único centro de dados, estão distribuídos em vários data centers espalhados pelo mundo”, explica. “Por exemplo, quando usamos dados da NASA, esses dados não estão nos nossos servidores. Estão nos servidores da NASA.”

Com uma arquitetura distribuída, as várias bases de dados usadas pela UNEP funcionam como uma. Existe uma espécie de base de dados virtual que obtém informação de várias fontes e as converte num modelo comum.

Outra solução é usar menos dados. “Poucas análises precisam de informação em tempo real. Imagens mensais de satélites são o suficiente para perceber a evolução da biodiversidade em determinadas regiões do planeta”, esclarece Caldas. “O Big Data torna-se menos complexo se percebermos quais é que são os dados que precisamos mesmo de recolher.”

Fevereiro 2022

Público

Foto Patrick Gruban/ wikipedia

NEWSLETTER

Subscreva a nossa Newsletter e fique a par das últimas novidades das comunicações no universo da lusofonia.