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Espaço LusofoniaLusofonia convidada de honra na 8.ª edição do Fórum Internacional de Dacar

Lusofonia convidada de honra na 8.ª edição do Fórum Internacional de Dacar

A cerimónia de abertura da 8ª edição do Fórum Internacional de Dacar sobre Paz e Segurança em África ficou marcada por três discursos proferidos em língua portuguesa, numa edição em que a lusofonia é convidada de honra. O Presidente angolano, João Lourenço, o Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, e o vice-primeiro-ministro guineense, Soares Sambú, dirigiram-se aos 400 participantes em português.

À saída da cerimónia de abertura do fórum, o Presidente angolano, João Lourenço, lembrou que a homenagem à lusofonia se deve ao facto de Angola ter sido considerado como “o campeão da paz e segurança do continente“, num momento, particularmente, sensível com inúmeros conflitos que perturbam o continente africanos e o planeta.

Os três eixos de João Lourenço, que foi reeleito em Agosto desde ano, são o trabalho, liberdade e a paz. João Lourenço lembrou ser “preciso estabelecer confiança, paz e segurança“.

O Chefe de Estado angolano enumerou algumas organizações que trabalham par por fim a conflitos, como é o caso da CEEAC (Comunidade económica dos Estados da África central), CEDEAO e, ainda, na Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, lembrando que “na sub-região da África central predomina o conflito Ruanda e RDC, bem com instabilidade na RCA“.

O Chefe de Estado angolano referiu-se, ainda, aos encontros em Nairobi e Luanda, onde foram criados planos para estabilizar o conflito Ruanda – RDC, sublinhando a tolerância zero para com golpes de Estado e golpistas. João Lourenço lembrou que a segurança alimentar deve merecer particular atenção “para conter dificuldades das populações, que se podem traduzir depois numa instabilidade incontrolável“. “Apesar de ocorrências preocupantes, observarem-se movimentos de acalmia“, declarou.

Nos últimos dois anos, o mundo enfrentou a pandemia da Covid-19, registando-se agora “agravamentos económicos e sociais, que não são negligenciáveis“. “Admitimos que a pobreza aumentou e com ela a exponencial probabilidade de surgirem novos conflitos“, concluiu.

Por outro lado, o Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, referiu que “na África Ocidental, as roturas convencionais persistem desde o século XX, anulando esforços de desenvolvimento, mas o terrorismo no corredor do Sahel e as migrações revelam vulnerabilidade que ainda existem no continente africanos.

José Maria Neves questionou o que fazer à saída da pandemia, “temos de poder concretizar uma reforma da União Africana, criando verdadeiros modelos e reformas. Temos de criar condições para, a nível dos nossos países, termos políticas públicas capazes de responder às expectativas, demandas, em particular dos jovens africanos.” Através de mudanças necessárias: mudanças climáticas, eliminar a infoexclusão, apostar na transição energética para criar condições para o crescimento e competitividade dos nossos países.

Quanto aos problemas de segurança em África, o Chefe de Estado de Cabo Verde lembrou ser “importante que o continente africano continue a trabalhar no sentido de poder prevenir os sucessivos conflitos“. Se forem criadas condições, poderemos mobilizar parcerias no plano internacional para financiamento.

Relativamente à guerra na Ucrânia, “é difícil enfrentar as consequências da guerra. África tem uma imensa diáspora espalhada pelo mundo, apenas unidos poderemos fazer surgir uma África mais inclusiva.”

Também o vice-primeiro ministro guineense, Soares Sambú, discursou na abertura da 8ª edição do Fórum Internacional de Dacar sobre Paz e Segurança em África. O representante da Guiné-Bissau neste evento destacou o facto de o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embalo, ser o primeiro Chefe de Estado lusófono a presidir a comunidade de Estados de África Ocidental.

Soares Sambú citou o relatório da conferência das Nações Unidas, quanto ao comércio e desenvolvimento. “Pelo menos 25 países africanos importam mais de um terço de cereais da Rússia e da Ucrânia. Estima-se que a região vai ressentir um défice de entre 10 a 20 toneladas de cereais. Em média, a região vai enfrentar uma baixa de 20% de produção agrícola em 2022, comparando com 2017-2022“, afirmou.

Esta dependência das importações de cereais e de fertilizantes agrícolas, conjugada com o aumento do preço do baril de petróleo prevê uma recensão económica com impacto no preço dos produtos alimentares.

Dados provocam um fundo de instabilidade de segurança em várias gerações do continente, ainda alvo de extremismo violentos. “Do Mali a Moçambique, passando pelo Golfo da Guiné, à Líbia e à Região dos Grandes Lagos a instabilidade concretiza-se em mortes massivas, em violências comunitárias, populações deslocadas, vítimas de incalculáveis violências jihadistas. Os grupos extremistas violentos continuam muito activos perante regiões com falta de segurança, resultando num impacto dramático de insegurança alimentar do deslocamento de populações, o abandono de culturas, a exploração ilegal de recursos naturais que afecta ainda a estabilidade de alguns Estados“, concluiu.

Perante situações complexas que ampliam a marginalização política e económica do continente, este fórum permitiu interrogar o futuro do continente africanos perpetuamente entregue a uma mundialização onde África continua dependente para questões de segurança, alimentar, energética, digital, sanitária.

msn

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