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Mundo das ComunicaçõesInteligência artificial e o mercado de trabalho em telecomunicações

Inteligência artificial e o mercado de trabalho em telecomunicações

A busca constante por produtividade é uma característica inequívoca do setor de telecomunicações. Por padrão, as companhias do segmento adotam novas tecnologias assim que elas surgem no mercado, a fim de assegurar um alinhamento rigoroso com as principais inovações. Por isso, não é surpresa que, nos últimos anos, a força de trabalho de telecom tenha diminuído de 1% a 5% ao ano na maior parte do mundo.

Neste momento em que a inteligência artificial (IA) atinge um ponto de inflexão, estamos prestes a testemunhar mudanças radicais nas operações e nos modelos de negócios. Como acontece em muitos outros setores, as empresas de telecomunicações têm uma infinidade de casos de uso em potencial que podem transformar a indústria.

Essas transformações proporcionadas pela IA chegam em meio a uma grande transição que já estava em andamento no setor. Nos últimos anos, a pressão exercida sobre receita e custo dificultou o retorno total aos acionistas de muitas companhias de telecomunicações, o que tem ocasionado uma série de mudanças – algumas delas disruptivas. Esses desafios pesam principalmente sobre as grandes empresas integradas de telecomunicações que, ao mesmo tempo, têm aumentado seus investimentos em tecnologia, incluindo digitalização, automação de processos e adoção de ferramentas de IA, com a finalidade de ampliar a produtividade e ficar à frente da concorrência.

Colocar em primeiro plano o gerenciamento estratégico da força de trabalho é uma das melhores formas das empresas de telecomunicações capitalizarem os avanços em IA, garantindo que a quantidade e a combinação certa de talentos estejam disponíveis em diferentes momentos. O sucesso dos projetos de IA vai depender não apenas de priorizar e executar casos de uso interessantes, mas também em projetar programas de transformação para implementar estrategicamente a capacidade da força de trabalho liberada pela IA, enquanto se investe em talentos e novas habilidades sempre que necessário.

Então por onde começar? Um dos pontos cruciais é capacitar a força de trabalho com IA. Democratizar o acesso de todos os funcionários ao recurso e a outras tecnologias avançadas é potencialmente um dos maiores benefícios que as equipes executivas podem oferecer. O treinamento de colaboradores em IA pode ajudar a aumentar a produtividade nas atividades em desenvolvimento hoje, permitindo qualificação para que eles atuem nas empresas de telecomunicações do futuro.

Redistribuir colaboradores também será essencial. Nas funções em que os ganhos de automação e produtividade ampliam a capacidade dos trabalhadores, eles podem ser realocados para operações em que faltam talentos ou para atividades nas quais a IA gera oportunidade de criação de valor, seja por meio de novos produtos e linhas de negócios ou melhor atendimento ao cliente.

Por último, é necessário contratar talentos. A IA cria um novo perfil de capacidade para empresas de telecomunicações e, em muitos casos, isso exige recrutamento externo, terceirização ou até fusões e aquisições para obter essas habilidades necessárias.

A IA tem o potencial de trazer as mudanças mais significativas na forma de trabalhar desde a revolução industrial e só o tempo dirá quanto e com que rapidez vamos experimentar essas transformações. De qualquer forma, a trajetória de digitalização e automação que vinha ocorrendo nos últimos anos provavelmente será alterada. Nesse sentido, pensar cuidadosamente no planejamento estratégico da força de trabalho pode ajudar a garantir que todas as partes interessadas, incluindo colaboradores, possam se beneficiar das novas tecnologias.

* Alberto Silva e Bernardo Sebastião são sócios da Bain & Company. As opiniões expressas nesse artigo não necessariamente refletem o ponto de vista de TELETIME.

 

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