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Mundo das ComunicaçõesPerspetivas para as telecomunicações – Desafios e Oportunidades

Perspetivas para as telecomunicações – Desafios e Oportunidades

O setor das telecomunicações está a passar por uma transformação radical, impulsionada por desafios e oportunidades. Num mundo onde a conectividade já é considerada uma necessidade básica, as operadoras tradicionais enfrentam um grande desafio: manter o status quo ou abraçar a transformação? A única certeza é que o que manteve o setor no caminho dos diversos sucessos dos últimos 25 anos – 2G, 3G, 5G, redes fixas de nova geração, etc.  – não será suficiente para garantir a sobrevivência dos próximos cinco anos.

No estudo “From telco to techco: Towards tomorrow’s telecom”, realizado pela KPMG no contexto do Mobile World Congress 2024, realizado em Barcelona, apresentámos e discutimos as principais visões de futuro para o setor das telecomunicações.

O desafio das telecomunicações tradicionais

As receitas de serviços de telecomunicações no lado de negócios para consumidores (B2C) estagnaram, crescendo apenas 1,6% em 2022, em resultado da comoditização das ofertas, das margens reduzidas e do aumento da concorrência, enquanto o segmento de negócios para empresas (B2B) oferece novas oportunidades, com um crescimento de 5,6% em 2022, à medida que as organizações se digitalizam. Deste modo, a expansão para além dos serviços tradicionais tornou-se imperativa.

O caminho de Telco para Techco

A transição de empresa de telecomunicações (“Telco”) para empresa tecnológica (“Techco”) não é apenas uma escolha estratégica, mas um imperativo para o futuro. Os líderes do setor estão a perceber que a inovação é a chave para o crescimento, dois terços dos líderes e responsáveis pela transformação digital nas operadoras estão focados em priorizar a inovação, uma clara vantagem em relação aos 46% daqueles que não lideram esta transformação. Este caminho requer uma abordagem conectada e estratégica e, a priorizar a integração de tecnologias emergentes, uma adaptação às mudanças do mercado e uma antecipação das necessidades futuras do consumidor, pois são fundamentais para esta mudança.

Desafios e oportunidades

Os desafios incluem o aumento dos custos, legados tecnológicos e modelos de negócios rígidos. No entanto, as oportunidades são significativas. Ao superar as barreiras de infraestrutura e da tecnologia, as operadoras podem diversificar os seus serviços. A mudança para modelos “Techco” envolve a criação de valor para os clientes, arquiteturas cloud modulares e híbridas, desenvolvimento contínuo de serviços digitais e automação avançada.

Consideramos que existem três arquétipos fundamentais: Service Techcos, Network Techcos e Dominant Techcos. As Service Techcos focam-se na entrega de soluções inovadoras aos clientes, enquanto as Network Techcos priorizam redes baseadas em cloud e plataformas de comercialização de APIs. As Dominant Techcos combinam ambas as abordagens, liderando a inovação e definindo tendências de mercado.

Na transição para o modelo “techco” é inevitável para as operadoras que procuram prosperar, a evolução para um modelo específico que irá considerar características dos três arquétipos estabelecendo a visão e posicionamento estratégico da organização para o futuro além da conetividade. Ao adotar inovações, poderão superar o legado dos sistemas tecnológicos de suporte ao negócio e abraçar a transformação digital. Assim poderão não apenas enfrentar os desafios, mas também liderar a próxima era de serviços conectados e de experiências do consumidor.

Não haverá grandes dúvidas que a competição para a transformação será intensa. Mas também não há dúvidas que parte relevante da solução será o modelo de colaboração, partilha e abertura dos diferentes players, e os recentes anúncios de parceria entre operadores que até há bem pouco tempo eram ferozes adversários são evidência disso mesmo.

Nem todas as empresas poderão estar preparadas e ter disponíveis o capital, os recursos internos ou o reconhecimento de marca que as gigantes do setor tecnológico têm atualmente – os hyperscalers. No entanto, ainda há muito espaço para as empresas de telecomunicações competirem em segmentos especializados e geradores de valor, tanto através da evolução orgânica como de oportunidades de consolidação. É assim crucial que as empresas de telecomunicações não só se adaptem ao futuro, como também sejam um agente da mudança no setor tecnológico. A transição de “Telco” para “Techco” será o catalisador para uma era emocionante de serviços conectados e experiências inovadoras do consumidor.

Os pontos de vista e opiniões aqui expressos são os meus e não representam nem refletem necessariamente os pontos de vista e opiniões da KPMG em Portugal.

 

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