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CTT de Macau assinalam 140 anos

Os Correios de Macau, estabelecidos a 01 de Março de 1884, contam a história do território e tentam adaptar-se hoje ao desenvolvimento e mudanças impostas pela digitalização.

Quem fazia exame de condução, sabia que a carrinha dos correios tinha sempre prioridade. Derby Lau Wai-Meng, diretora dos Serviços dos Correios e Telecomunicações (CTT), do Governo de Macau, ainda é desse tempo. “Julgava-se que essas cartas traziam notícias importantes”, conta a responsável, no momento em que os CTT de Macau assinalam 140 anos.

Uma prática que ainda existia nos anos 1980 e que agora, na era digital, é quase uma excentricidade. Derby Lau tem outras histórias, por exemplo sobre o tempo que demorava a correspondência entre Lisboa e Macau: “Era como quando os meus colegas iam a Portugal, precisavam de uma licença especial, porque viajavam de barco (…) dava-se meio ano para alguém gozar férias”.

Estabelecidos oficialmente a 01 de março de 1884, os correios em Macau começaram por funcionar na casa do primeiro diretor da instituição. Foi essa mesma estação postal que emitiu, também em 1884, os primeiros selos do território, uma coleção chamada ‘Coroa’, com valor facial entre cinco e 300 reis. As homenagens à monarquia portuguesa dominaram as composições dos selos desde então e até 1910.

Em agosto desse ano, ergueram-se os primeiros marcos postais do território: cilíndricos, em ferro fundido, pesavam mais de 350 quilogramas e tinham a imagem da coroa portuguesa. Dois meses depois, com a implantação da República, limou-se, pintou-se e apagou-se o símbolo real.

Também já centenária, a Caixa Económica Postal, instituição de crédito, foi criada em 1917. A exploração dos serviços de telefonia e telégrafo começou dez anos mais tarde, cessando apenas em 1981, quando o Governo estabeleceu o regime de concessão da exploração do serviço público de telecomunicações em Macau, que viria a ser atribuída à Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM).

Sem as receitas desta operação, os dirigentes dos serviços postais viraram-se para outras áreas de negócio: em 1984, um século após o nascimento do serviço postal, estabeleceu-se a divisão filatélica, solidificando o negócio dos selos, “para que fosse mais localizado”. “Começámos a ter um controlo mais direto sobre os selos, porque antes, desenho e temas eram decididos por Portugal”, indica a responsável.

Um ponto de viragem na história dos CTT foi quando se atribuiu autonomia financeira e administrativa ao organismo, em 1947, “o que veio facilitar o trabalho dos correios, que precisavam de reagir rápido ao desenvolvimento da sociedade”.

Derby Lau recorda ainda outros momentos-chave, o primeiro na década de 1980, quando os correios assumiram a função de regulador das telecomunicações, papel que desempenham ainda hoje, após um interregno entre 2000 e 2016. Mais recentemente, em 2023, criou-se um novo serviço de apoio aos bancos, a Plataforma de Dados de Créditos.

A criação deste último ocorreu após um ano de má memória: em 2022, quando Macau mantinha ainda as fronteiras encerradas, como parte de um rigoroso pacote de medidas para combater a pandemia da covid-19, os CTT tiveram um prejuízo de 13 milhões de patacas (1,49 milhões de euros).

Não tínhamos negócios e clientes do continente [chinês] para comprar selos”, lembra a responsável, adiantando que, no ano seguinte, a instituição voltou aos lucros, com 48 milhões (5,5 milhões de euros).

As telecomunicações e as receitas postais são responsáveis pela maior fatia das receitas dos CTT Macau, com “entre 30 e 40% do orçamento total”, sendo que a filatelia representa “à volta de 10%”. As receitas, porém, não se ficam por aqui, com a administração do serviço postal de Macau a gerir, entre outros, património imobiliário.

Segundo documentos consultados pela Lusa, em 2019, último ano antes da pandemia, os CTT registaram lucros na ordem dos 111 milhões de patacas (12,7 milhões de euros), com os serviços postais e de telecomunicações a gerarem 62,9% das receitas e a filatelia 8,4%.

Apesar dos números positivos, a instituição fala em desafios: “concorrência dos operadores privados e o desenvolvimento da tecnologia cada vez rápido”.

Temos de treinar pessoal em número suficiente para enfrentar o acompanhamento e a política do Governo. E temos de enfrentar a falta de pessoal qualificado”, nota a diretora, admitindo necessidades de recursos humanos em áreas como a informática e telecomunicações.

 

CAD // JMC

By Impala News / Lusa

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