AICEP

Mundo das ComunicaçõesCimeira na Altice Arena quer juntar 20 mil pessoas para falar sobre sustentabilidade: “O greenwashing e socialwashing são práticas diárias”

Cimeira na Altice Arena quer juntar 20 mil pessoas para falar sobre sustentabilidade: “O greenwashing e socialwashing são práticas diárias”

Luís Neves é o CEO da GeSi, uma associação empresarial internacional que vai juntar em Lisboa mais de 300 speakers que vão discutir soluções digitais que permitam cumprir os ODS das Nações Unidas. Em entrevista ao Expresso SER, Luís Neves recupera as palavras de António Guterres para dizer que estamos a caminhar para o ponto de “não retorno”, “mas continuamos a fazer a nossa vida e a cometer sistematicamente os mesmos erros”.

A Global Enabling Sustainability Initiative (GeSi) é uma associação empresarial internacional sem fins lucrativos, sediada em Bruxelas, e com escritórios nos EUA e em Singapura e que estuda e incentiva a utilização de tecnologias digitais para um desenvolvimento mais sustentável do planeta: “O digital é fundamental. Vejamos o contributo que a tecnologia digital está a dar à ciência, à educação e à saúde, por exemplo, e, pode e deve dar ao clima e a sustentabilidade do planeta”.

As palavras são de Luís Neves, CEO GeSi e que está a organizar, pelo segundo ano, a cimeira “Digital With Purpose Global Summit” que vai acontecer na Altice Arena, em Lisboa, onde a organização quer juntar 20 mil pessoas para ouvirem o que têm a dizer mais de 300 oradores nacionais e internacionais de todas as áreas ligadas à sustentabilidade e a tecnologia, think-tanks, representantes de cidades, representantes da ciência e de organismos internacionais.

A cimeira vai acontecer ao longo de três dias, entre 27 e 29 de setembro, e conta com o alto patrocínio do Presidente da República. Numa entrevista por escrito ao Expresso SER, Luís Neves cita um estudo da Accenture Strategy que concluiu que o setor digital pode reduzir as emissões de carbono em 20% até 2030 e gerar, ao mesmo tempo, 11 biliões de dólares em valor económico para as empresas.

O presidente da GeSi afirma que esta cimeira, com forte presença do setor financeiro, também vai permitir às empresas fazer networking. Diz que a grande maioria das empresas, “lamentavelmente, vive de momentos de comunicação. Gastam rios de dinheiro a dizer que fazem o que não fazem. O greenwashing e o socialwashing são praticas diárias. Vivemos num mundo em que o ‘crime compensa’”.

Para quem não conhece, de uma forma muito resumida, o que é a GeSi? Existem desde quando? Quem são os parceiros da organização?

A GeSI é uma Associação Empresarial Internacional sem fins lucrativos, sediada em Bruxelas, e com escritórios nos EUA e em Singapura. Foi fundada por grandes empresas multinacionais da área tecnológica, há 22 anos em Paris, onde teve a sua primeira sede.

Hoje, conta nos seus membros multinacionais provenientes de todos os cantos do globo como a Verizon, ATT, Dell, IBM, T-Mobile US, Deutsche Telekom, Telecom Italia, Swisscom, NOS, Unipartner, Huawei, ZTE, Telstra, NEC e NTT, TATA Consultancy, só para mencionar alguns. Desde a sua fundação, a GeSI focou o seu trabalho na interseção entre as tecnologias digitais e a sustentabilidade, desenvolvendo estudos que realçam as oportunidades e o contributo social, ambiental e económico do digital para o desenvolvimento sustentável e ferramentas que permitem as empresas responder de forma mais eficiente aos desafios com que estão confrontadas na área da cadeia de fornecedores, direitos humanos, recursos, economia circular, inclusão digital, privacidade e clima, por exemplo.

Conta, atualmente, com mais de 140 membros nos quais se incluem Universidades e organizações empresariais, como a APDC, ETNO, Câmara do Comércio Internacional (ICC), o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), World Oceans Council, World Resources Institute, três organizações das Nações Unidas (UNFCCC, UNEP, UIT), organismos de estandardização, ONG como o CDP e o World Resources Institute.

Em Portugal, a GeSI fechou parcerias com a SEDES, AICEP, BCSD, UNA, entre outros. Tendo em conta que o setor digital e a sustentabilidade são áreas horizontais a toda a atividade económica e social global, a GeSI decidiu alargar o seu âmbito para incluir empresas dos chamados setores verticais: energia, mobilidade, logística, saúde, agricultura, oceanos, educação, PME, cidades, universidades e ciência. A GeSI quer afirmar-se como um espaço de diálogo e interação para todos com o objetivo de acelerar a resposta através do digital aos desafios com que estamos confrontados.

Consegue dar um exemplo concreto do impacto que a vossa organização tem tido nesta tentativa de promover o uso da tecnologia em prol da sustentabilidade? E a nível global, como tem sido este casamento entre tecnologia/digital e sustentabilidade?

A GeSI foi a primeira organização a nível Europeu e Global a estudar os impactos das tecnologias digitais no desenvolvimento sustentável. Desde 2007 que tem desenvolvido estudos com grandes consultores como a Mckinsey, Boston Consulting Group (2012), Accenture Strategy (2015), Carbon Trust (2016), Deloitte (2019), entre outras. Estes estudos SMART2020, SMARTer2020, Smarter2030 e “Digital With Purpose” mostram ao pormenor o valor do Digital para a Sustentabilidade.

O Estudo SMarter2030, por exemplo, elaborado em 2015 pela Accenture Strategy, concluiu que o setor digital pode reduzir as emissões de carbono em 20% até 2030 e gerar, ao mesmo tempo, 11 biliões de dólares em valor económico para as empresas. Já o estudo elaborado pela Deloitte, em 2019, “Digital With Purpose” – onde se correlacionaram sete tecnologias disruptivas como: infraestrutura digital (5G), internet, cloud, the internet of things (IoT), cognitive, realidade aumentada e blockchain, com os 169 indicadores dos 17 ODS através de mais de 500 estudos de caso – conclui que essas tecnologias podiam impactar de forma positiva 22% dos ODS e reverter a tendência negativa de 23% deles.

A “Digital with Purpose Global Summit”, que vai acontecer em setembro, é uma conferência que já vai na sua segunda edição. Qual é o balanço que fizeram da edição do ano passado. E qual é a perspetiva para este ano?

A “Digital With Purpose Global Summit” teve a sua primeira edição a 27 de setembro de 2022, no Altice Arena, onde contou com a participação de 2.000 pessoas, sete palcos de diálogo e intervenção, e onde se realizaram 27 sessões à volta do digital e sustentabilidade. A conferência juntou 140 oradores, na sua grande maioria peritos internacionais das áreas da tecnologia e sustentabilidade. Foi o que chamámos de “colocar a primeira pedra”. O balanço foi extremamente positivo. Organizada sem qualquer apoio institucional ou político, a conferência foi totalmente suportada por membros do GeSI e do Movimento Digital com Propósito.

Este ano, pretendemos que a conferência ganhe uma maior dimensão, com três dias de duração, de 27 a 29 de setembro. Contamos com uma equipa de alto nível, composta por 24 personalidades, que estão a colaborar connosco no desenvolvimento da Agenda e a trabalhar no roadmap de implementação. Este summit focar-se-á em três áreas temáticas: Biodiversidade, coordenada pela prof. Helena Freitas; Educação, coordenada por Pedro Santa Clara e Veerle Vandeweerd (antiga Diretora das Nações Unidas para o Desenvolvimento – UNDP) e Cidades Sustentáveis, coordenada pelo Diretor do Secretariado das Nações Unidas para as questões Climáticas, Massamba Thyoe, e Miguel Pinto Luz, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Cascais, em conjunto com o Covenant of Mayors e ICLEI.

Durante a Cimeira, serão debatidos temas ligados ao digital, nomeadamente o desenvolvimento de soluções para sistemas de saúde e alimentação, finanças sustentáveis, desenvolvimento de soluções para a educação num mundo digital em rápida mudança, o digital ao serviço da transição energética, uma nova geração de serviços na Cloud, fornecimento de soluções sustentáveis para as necessidades humanas, entre outros temas. A nossa ambição é juntar em Lisboa, nesta segunda edição da Cimeira, 20.000 participantes.

A Global Enabling Sustainability Initiative foi a primeira organização a nível Europeu e Global a estudar os impactos das tecnologias digitais no desenvolvimento sustentável.”

Podemos dizer que a “Digital with Purpose Global Summit” é uma espécie de “Web Summit” para o setor da sustentabilidade?

O “Digital with Purpose (DWP) Global Summit” quer ser um evento emblemático para líderes digitais e decisores dos setores público e privado, para acelerar o uso e a aceitação de inovações digitais que beneficiam a sociedade. Atualmente, grande parte da inovação digital concentra-se na otimização de processos e abordagens industriais do velho mundo. Necessitamos de ferramentas, modelos de negócios, novos talentos, competências e colaborações para explorar totalmente a oportunidade do digital – ao mesmo tempo que garantimos fatores cruciais como confiança, equidade, valores e ética e proteção dos dados pessoais dos cidadãos e, acima de tudo, foco no ser humano, ou seja: a tecnologia ao serviço dos humanos (human centric).

Para libertar todo o potencial da digitalização, devemos ousar olhar além de melhorias nos sistemas atuais e colocar as necessidades humanas e a sustentabilidade global no centro do que fazemos. E devemos também repensar as noções anteriores de sucesso na liderança. Os líderes no século XXI, sejam eles empresários, governantes, ONG e agentes da sociedade civil, devem ser medidos tendo em consideração a forma como servem e melhoram os interesses dos diferentes stakeholders no seu sentido mais amplo possível, incluindo o contexto planetário e a capacidade regenerativa.

Todos temos a obrigação de ter como objetivo central: entregar o planeta as gerações vindouras de forma a garantir que as populações futuras possam prosperar num planeta saudável. Desta forma, sentimos necessidade de um fórum colaborativo – repetido anualmente para nos responsabilizar e verificar o progresso – que possa acelerar ações mensuráveis, que nos levem rapidamente a soluções de alto impacto com um horizonte de tempo imediato.

É suposto sair no final destas conferências algum tipo de documento/roadmap que possa ajudar as empresas nesta transição rumo à sustentabilidade?

Esta é uma cimeira focada na ação, da qual pretendemos sair com o compromisso de acelerar a inovação centrada e ao serviço do ser humano, onde é importante: reconhecer e fazer pleno uso de inovações digitais que podem oferecer soluções sustentáveis ​​compatíveis com um futuro planeta onde 10-11 mil milhões de pessoas possam viver vidas prósperas, e apoiar a criação de projetos dedicados, com foco em soluções transformadoras de baixo carbono.

Um grupo de 24 Peritos de Alto Nível (High Level Advisory Council), nacionais e estrangeiros, liderado por Georg Kell, primeiro Diretor da iniciativa das Nações Unidas “Global Compact” e atualmente Chairman da Arabesque, juntamente com representantes do setor tecnológico privado, setor financeiro, peritos na área da biodiversidade, educação e cidades sustentáveis assumirão a responsabilidade pelo desenvolvimento de um roadmap de ação, que vai ajudar as empresas na transição rumo a sustentabilidade.

Este evento tem uma lógica de networking, onde é possível, por exemplo, procurar investidores para novos projetos na área da tecnologia/sustentabilidade?

Naturalmente. Teremos uma presença significativa do setor financeiro ligado ao financiamento sustentável. Como referi, trata-se de um evento onde a inovação tem de ser vista na perspetiva da sustentabilidade do planeta e não numa perspetiva puramente económica.

O evento deste ano vai ter três palcos: Biodiversidade, Smart and Sustainable Cities e Educação. Porquê a escolha destes temas?

Começo pela biodiversidade que é crucial para o funcionamento da Terra e é essencial protegê-la para o bem-estar humano, qualidade de vida e sobrevivência no planeta. Portanto, é urgente desenvolver estratégias para acelerar a produção de dados e conhecimento sobre a biodiversidade e priorizar a sua conservação. Isso pode ser feito envolvendo as comunidades e aumentando a sua participação em novas formas de governança, reconhecendo os limites planetários.

Por sua vez, a Educação é uma força motriz que impulsiona economias e sociedades, ao mesmo tempo que promove um mundo mais sustentável ambientalmente – nas palavras de Nelson Mandela, “a arma mais poderosa que podemos usar para mudar o mundo“. Uma nova visão dos sistemas educativos, ajustada ao mundo em rápida mudança e à era digital em evolução, deve basear-se nas oportunidades oferecidas pelas novas tecnologias, bem como nos mais recentes avanços na educação e nas ciências afins, com vista a contribuir para a concretização dos ODS, em particular o ODS da educação – ODS4. Deve garantir que os alunos se tornem resilientes a choques causados por riscos globais e flexíveis para se ajustarem a circunstâncias em mudança por meio de pensamento crítico, adaptabilidade, autoconsciência, aprendizagem reflexiva e colaboração.

Quanto ao tema das Cidades Inteligentes e Sustentáveis, à medida que a humanidade continua a produzir e a testemunhar rápidas mudanças tecnológicas, os objetivos de desenvolvimento sustentável cresceram progressivamente entrelaçados entre si e com a digitalização no caminho para as suas conquistas. Isso é particularmente verdadeiro para cidades e governos locais, que enfrentam pressões de dois gumes para atender às necessidades dos seus residentes, enquanto desempenham um papel fundamental em esforços nacionais mais amplos para mitigar e se adaptar aos impactos das mudanças climáticas. Os decisores locais têm uma oportunidade crucial para entender o potencial da transformação digital para fornecer soluções de sustentabilidade que atendam às principais necessidades humanas e trabalhar nas prioridades de pesquisa e inovação que abordam a crise climática.

Vão ter 300 speakers nacionais e internacionais. Consegue antecipar alguns dos nomes mais conhecidos que vão subir ao palco da Altice Arena?

Vamos contar com oradores nacionais e internacionais de todas as áreas ligadas à sustentabilidade e a tecnologia, think-tanks, representantes de cidades, representantes da ciência, de organismos internacionais, entre outros, de entre os quais destacamos: Prof. Jeffrey Sachs, Universidade de Columbia; Prof. Helena Freitas, Universidade de Coimbra; Verle Vandeweerd, ex-Diretora da UNDP; Pedro Santa Clara, Diretor da Escola 42; Miguel Pinto Luz, Vice-Presidente Camara Cascais; William Laurance, research professor, James Cook University, Brisbane, Australia; Bruno Oberle, Director IUCN; Thomas Lamanasukas, Vice Secretario Geral da UIT; Declan Kirrane, Founder and Managing Director, ISC Intelligence in Science; Massamba Thyoe, UNFCCC Executive Digital innovation Hub; Erika von Holstein, Managing Director Re-Imagine Europe; Anastasia Amoroso, iCapital; André Aragão de Azevedo, Diretor Digital Development Program Microsoft; Ezster Salomon, Diretora International Parents Association; entre outros.“Estamos a caminhar para o ponto de “não retorno”, mas consciente ou inconscientemente continuamos a fazer a nossa vida e a cometer sistematicamente os mesmos erros.”

Hoje, com o lançamento do chatGPT, volta-se a falar muito das potencialidades e dos perigos da inteligência artificial. Como é que se pode colocar a IA ao serviço da sustentabilidade e de uma sociedade mais inclusiva?

A IA, que já existe há bastante tempo, tem de ser posta ao serviço da humanidade nas suas componentes sociais, ambientais e económicas. A tecnologia deve ser um catalisador para o tipo de mudança positiva que o mundo precisa.

O digital é fundamental. Vejamos o contributo que a tecnologia digital está a dar à ciência, à educação e à saúde, por exemplo, e, pode e deve dar ao clima e à sustentabilidade do planeta. Não podemos e não devemos parar o desenvolvimento tecnológico. O mesmo é necessário ao bem-estar da humanidade. Em 2018, a GeSI desenvolveu uma plataforma global com 21 indicadores digitais, o Digital Access Index, que incluiu 158 países. Os países onde se vive melhor, onde há melhor educação, saúde e qualidade de vida são os países que estão mais avançados no digital.

Mas, precisamos de controlar “o lado escuro da lua.” Torna-se necessária uma governança forte e verdadeiramente global. Não se trata de interromper o progresso, trata-se de dominá-lo e conduzi-lo para o bem. Carl Sagan, no seu livro “The Demon Haunted World”, escreveu: “Organizamos uma civilização global na qual os elementos mais cruciais dependem profundamente da ciência e da tecnologia. Também organizamos as coisas para que quase ninguém entenda ciência e tecnologia. Esta é uma receita para o desastre. Podemos safar-nos por um tempo, mas mais cedo ou mais tarde essa mistura combustível de ignorância e poder vai explodir em nossos rostos.”

Estamos mais ou menos a metade do percurso para chegar a 2030 e concretizar os ODS definidos pelas Nações Unidas. Temos feito o suficiente para alcançar os 17 objetivos definidos?

Acho que todos temos consciência que estamos muito longe de concretizar os ODS definidos pelas Nações Unidas. O mundo atual em que vivemos está sem concerto. Precisamos de um mundo novo: de ação, inovação, valores, seriedade, ética, solidariedade, inclusão, equidade, direitos humanos, respeito pela natureza, ambição.

O Secretario Geral das Unidas, António Guterres, tem insistentemente chamado a atenção para os enormes e urgentes desafios com que estamos confrontados. Estamos a caminhar para o ponto de “não retorno”, mas consciente ou inconscientemente continuamos a fazer a nossa vida e a cometer sistematicamente os mesmos erros. O “Digital With Purpose” representa uma chamada e uma tomada de consciência, para todos se reunirem à volta do digital e da sustentabilidade, por isso esta Conferência que estamos a organizar. Pretendemos mobilizar a sociedade civil a juntar-se à volta de uma agenda transformadora que nos permita reverter a situação perigosa para aonde caminhamos.

As empresas têm feito este caminho de forma genuína ou há muito greenwashing e socialwashing na comunicação que elas têm feito?

Como comentei, a GeSI é uma Associação Empresarial Global ligada à tecnologia e sustentabilidade. Há mais de 20 anos que os membros da GeSI se envolveram nesta Agenda. Temos feito progressos, mas temos de reconhecer que o avanço tem sido lento. A grande maioria das empresas, lamentavelmente, vive de momentos de comunicação. Gastam rios de dinheiro a dizer que fazem o que não fazem. O greenwashing e o socialwashing são praticas diárias. Vivemos num mundo em que o “crime compensa”. Os agentes políticos e os reguladores fazem parte deste jogo de “gato e rato”.

Hoje fala-se muito em ESG e em “reporting”. Desenvolvem-se modelos de negócios à volta destas temáticas. Mas onde está a verdadeira mudança? Não se vê. Para haver mudança é necessário “medir” e responsabilizar”. É este o objetivo do Movimento “Digital With Purpose”. Ajudar as empresas a terem um impacto social positivo e mensurável através da colaboração e da ação coletiva e responsabilização.

Acreditamos que todas as empresas devem unir esforços para transformar a sociedade de acordo com os ODS e o Acordo de Paris. A “corrida para o topo” do movimento DwP é uma jornada importante em que as empresas participantes compartilham a ambição de criar valor social e económico através da aceleração radical do poder capacitador da tecnologia digital para os ODS, minimizando os resultados negativos que possam surgir e aumentando os impactos positivos.

A vossa organização tem algum tipo de certificação para as empresas?

A GeSI desenvolveu um programa progressivo de certificação com base numa nova estrutura e métricas abrangentes para todos os provedores digitais, não-digitais e PME. As métricas cobrem as áreas de: governança, clima, economia circular, inclusão digital, cadeia de fornecedores e cibersegurança e recompensam as inovações das empresas nas áreas da biodiversidade, educação, saúde, direitos humanos e clima.

Na verdade, este programa de certificação vai muito além de uma certificação tradicional. Foi desenvolvido e está a ser implementado como uma ferramenta para ajudar e orientar as empresas e acelerar a resposta aos desafios do desenvolvimento sustentável. O modelo foi desenhado de forma competitiva e com o objetivo de ajudar as empresas a atingir o topo em 2030 e a gerar valor económico através das eficiências geradas e da inovação. Trata-se de um modelo a pensar nas empresas e a acrescentar valor.

O modelo de certificação tem quatro níveis: “committed”, “developing”, “pioneering” e “diamond”. Como referido, o modelo está aberto a todas as empresas (pequenas, médias e grandes), digitais e não-digitais. Em 2021, o Governo português adotou este nosso modelo através de um protocolo assinado entre a Secretaria de Estado da Transformação Digital e a GeSI.

 

MSN.com

NEWSLETTER

Subscreva a nossa Newsletter e fique a par das últimas novidades das comunicações no universo da lusofonia.